Corredores do Castelo

Yeah he found a six shooter gun
In his dad's closet in a box of fun things
And i don't even know what But he's coming for you

A serenidade do academia em tempos de guerra era reconfortante e ao mesmo tempo perturbadora. Durantes os anos em que fora tutor, Olrac adorava os momentos em que conseguia ficar sozinho, sem os alunos tagarelando ao seu redor. Mas conforme os anos foram se passando e o silencio se tornou cada vez mais constante, aprendeu que nem sempre o mesmo é sinônimo de paz. Sempre que uma rebelião começava, a academia e a vila se silenciavam, aqueles que se atreviam a emitir qualquer som poderia ser morto. O silencio de agora, não se formava por uma nova rebelião, os círculos estavam sobre controle, ainda agiam, mas em raras ocasiões. A volta de um de seus filhos, havia sido mais truculenta do que se imaginava, e um embate contra o círculo negro fora feito pelo jovem, um verdadeiro massacre em uma das tavernas da aldeia.

O ancião refletia sobre seus atos, se havia agido certo em se omitir por todos os anos das vidas dos gêmeos, afinal, se era pra alguém tê-los criado, esse alguém era para ser o pai, mas por algum motivo, que nem mesmo ele conhecia, não assumiu seu papel de pai. Deixou que casta mais baixa de sua família  estivesse sobre o controle das crianças, ate que a mulher morreu. Talvez fosse o sinal, mas este também fora ignorado, e então Olrac assistiu aos filhos crescerem e se odiarem, se tornarem assassinos, magos santos e serem mandados para outro dimensão e agora, assistia a sua volta. Volta essa, marcada com sangue e ódio.

Olhava atentamente o feroz treinamento dos guardas, aqueles que deveriam proteger os cidadãos, Olrac sempre se perguntou, o porque da guarda passar maior parte dos dias presos dentro da academia ao invés de estarem do lado de fora de fato protegendo os que necessitavam, dentro dos muros, havia a Santidade, os Conselheiros, a família Real e os Anciões, nem mesmo se os círculos se unissem seriam capaz de passar por todos  juntos. Estava divagando sobre este assunto quando a voz chegou em seu ouvido, suave e e doce, como de costume. - Ellie. - Foi a resposta que deu.

Esperou que a mulher se aproximasse, não expressaria nenhum tipo de intimidade em um lugar tão exposto quanto um corredor, mas estava extremamente aliviado de ver a mulher sã e salva. Deu um leve abraço nela, mas esperava que ela soubesse que significa mais do que algo simples. Ele olhou de cima para baixa, observando as roupas que a mesma usava. - Adotou bem o estilo do outro lado. -  Disse dando um sorriso de lado. - Como você está? - A pergunta incluía muito mais do que fora dito, Olrac queria saber sobre tudo. Não em relatórios, mas em experiência de vida, e é claro saber se a mulher havia se ferido de alguma forma.